Quais são as profissões mais procuradas por recrutadores internacionais?

2 Fevereiro 2023

Entrar no ensino superior tem muitos desafios e escolher em que área apostar é logo o primeiro deles. Com o mundo do trabalho a mudar rapidamente, vivemos um paradoxo. Enquanto das universidades está a sair a geração mais qualificada de sempre, também “estamos a entrar na maior escassez de talento da História humana”.

“Acredito que existem duas causas principais”, afirma Karoli Hindriks, CEO da Jobbatical, uma plataforma internacional que ajuda as empresas a relocalizar as novas contratações. “A primeira é o envelhecimento da população e a segunda é o desfasamento entre a educação e o mercado do trabalho.”

Este segundo é “um enorme problema”. “Há um desencontro entre a forma como estamos a educar a nossa juventude e o que o mercado de trabalho espera, quais os principais trabalhos hoje e quais serão daqui a dez anos”, vaticina a empreendedora estónia.

“Alguns dos trabalhos que vemos no top de contratações não existiam há 15 anos. Também aí o setor público está bastante atrasado, porque não estão a ser capazes de avançar lado a lado com as tendências (atuais e futuras). Isto significa que os jovens saem (da universidade) com um mestrado e começam a sua vida, para depois perceberem que as competências [que aprenderam no curso] já não se aplicam.”

ESTAS SÃO NOVE PROFISSÕES MAIS PROCURADAS DO MOMENTO:

A Jobbatical entrou no mercado português em fevereiro do ano passado. “Tivemos um início louco em Portugal. Lançamos em fevereiro e, em três meses, a nossa receita cresceu seis vezes. Até agora fizemos cerca de 400 relocalizações para Portugal.”

Karoli Hindriks diz-se uma “enorme fã” de Portugal, reconhecendo no país o potencial para se transformar no “Silicon Valley da Europa”. “O que estamos a ver é que há muito interesse por parte das empresas quanto a criar os seus hubs ou sediarem-se (em Portugal). E há movimento individual. Acredito que o visto para nómadas digitais, que é bastante recente, irá também inspirar isso.” Segundo noticiava o Público na semana passada, Portugal emitiu “cerca de 200 vistos” em dois meses e meios.

Da experiência do mercado português, a CEO da Jobbatical consegue para já tirar algumas conclusões. De acordo com a especialista, este é a lista de profissões mais procuradas neste momento:

  1. Programador de software,
  2. Engenheiro de software,
  3. Engenheiro QA (Quality Assurance),
  4. Engenheiro de software senior,
  5. Gestor de produto,
  6. Designer de produto,
  7. Engenheiro de back-end,
  8. Programador de software senior,
  9. Designer de produto.

“Estas são as principais profissões que temos estado a relocalizar para Portugal, o que significa que há falta destes (profissionais no país)”, afirma.

Mas dado o ritmo a que o mercado está a transformar-se, estudar estas profissões hoje não oferece a mesma garantia de empregabilidade no futuro, como acontecia noutros tempos. Perceber as tendências futuras torna-se “complicado”.

“Isto é referente a hoje. O que recomendo mesmo é olhar para o que irá ser. Se está a ir para a universidade, deve olhar para quais as prováveis (tendências) para os próximos cinco anos. Será big data? Inteligência artificial será certamente, a procura é enorme nessa área.

ESTES SÃO OS DOIS CONSELHOS DA CEO PARA OS JOVENS:

Pensando nos jovens que estão agora a preparar a entrada no mercado de trabalho, Karoli Hindriks deixa dois conselhos.

“Acho que o melhor que podem ensinar a vocês próprios é ser adaptável à mudança, porque a velocidade da mudança acelerou enormemente no último século. Isso significa que o que achamos que irá funcionar agora, daqui a três anos poderá ser muito diferente.”

A CEO da Jobbatical refere que esta adaptabilidade é usada como “escala” para quem está a recrutar. “Nós olhamos para isso quando estamos a contratar globalmente. Quando uma pessoa não é boa com a mudança, tem muita dificuldade a trabalhar connosco.”

Simultaneamente, sublinha a importância de experiências de internacionalização, sejam intercâmbios escolares ou trabalhar no estrangeiro.

Segundo Karoli Hindriks, estas contribuem para cultivar uma maior capacidade de adaptação no trabalhador, mas também para alargar horizontes. A própria fez um ano de intercâmbio nos EUA quando estava no ensino secundário.

“Acredito genuinamente que não estaria aqui sentada se não tivesse feito esse intercâmbio. Houve um momento durante esse ano, quando estava nos EUA há seis meses e tinha 17 anos, em que pensei nessa experiência e disse a mim própria que se toda a gente tivesse a oportunidade de fazer o que eu estava a fazer, o mundo seria um lugar muito melhor. Aquilo abriu-me tanto os olhos.”

Fonte: Expresso